Clóvis de Barros Filho lota auditório da FLIM 2024
A nona edição da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) recebeu, nesta quarta-feira (06/11), o escritor e filósofo Clóvis de Barros Filho, atraindo uma das maiores audiências do evento. O auditório Papo Flim, com capacidade para 400 pessoas, ficou completamente lotado para assistir à palestra do autor, que também é professor e tem mais de 30 obras publicadas. Com o tema “A vida que vale a pena ser vivida”, a palestra explorou valores que tornam a vida significativa, inspirada em um dos livros mais conhecidos do autor, publicado em 2010.
Clóvis iniciou sua fala discutindo como, na sociedade, a busca pelo prazer costuma ser vista com preconceito, exceto na filosofia. “Os prazeres do corpo são considerados fugazes, enquanto os do espírito são mais duradouros, mas na verdade tudo depende da qualidade das relações que a pessoa estabelece com o mundo”, destacou Clóvis, que em seguida abordou temas como literatura e educação. Ao falar de sua obra “Reinventar-se, uma impossibilidade”, arrancou risos da plateia ao criticar o conceito de “reinvenção pessoal”.
“O termo reinventar é o mais imbecil que o mundo do capital foi capaz de criar. Você não recria uma personalidade que já é estabelecida. É como morrer, o que só acontece uma vez. Grandes homens tiveram propostas para se reinventarem, como Jesus, Gandhi e Martin Luther King, e nenhum deles aceitou. A vida pode ser melhor quando você vive a sua vida e não a que te mandam viver”, afirmou o escritor, provocando reflexões profundas no público.
O filósofo defendeu ainda que a escola pública deve oferecer o mesmo padrão de ensino das instituições privadas, como uma questão de equidade, e frisou a necessidade de excelência educacional como um objetivo coletivo. “Tem muita gente habituada ao mais ou menos, à nota 5. É uma sociedade que premia a mediocridade, e o hábito da excelência deve ser esculpido na escola. Precisamos de gente habituada com a nota 10. Se 84% dos estudantes está na rede pública de ensino, é inaceitável que sejam inferiores aos da rede privada. Eles fazem o Enem concorrendo com quem já viajou ao exterior, tem mais estrutura do que aquele jovem da rede pública. Por isso, eu considero o Enem uma farsa, uma indecência. A mudança passa por uma verdadeira revolução de caráter cultural e pedagógico”, opinou.
Clóvis encerrou o evento compartilhando uma lembrança marcante de um encontro com o matemático John Forbes Nash, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1994, ocorrido no final dos anos 1990 durante uma visita ao Brasil. Após a palestra, o filósofo dedicou tempo para autografar livros para os fãs presentes.
Os participantes saíram do evento visivelmente emocionados, como a engenheira civil Ana Oliveira, de 38 anos, moradora de Araçatiba, que relatou: “Eu ouço suas falas todos os dias pela manhã. Ele é um fôlego de vida para mim, uma força muito grande. Tenho uma luta grande como mãe solo de duas crianças e ouvi-lo é sempre um grande estímulo”.
Sandra Marina Fonseca, diretora escolar de 53 anos, também ficou encantada e assistiu à palestra ao lado do filho, Uriel Fonseca, de 30 anos, que é professor. “Foi mágico estar aqui hoje. Digo sempre que o Clóvis é uma mente milagrosa. Trouxe meu filho para apresentar algo novo a ele”, disse Sandra. Uriel completou: “Foi uma das melhores palestras que vi na cidade”.